Detona Ralph (2012)



Existe muito o que mencionar quanto a esse Detona Ralph, mas é muito do que prefiro deixar de lado nesse comentário.
Afinal, maior parte dos méritos do trabalho do diretor Rich Moore está nos easter eggs que povoam boa parte do filme, e é claro, fazem muito bem a qualquer nerd oldschool.
É salutar especialmente porque as piadas não funcionam apenas porque é aquele personagem tal do jogo apreciado confortavelmente no tapete da sala horas a fio. Seria muito pouco.
Funciona porque a sucessão de eventos vem com um ar de novidade. De utilização por alguém que manja do que está escrevendo, e os emprega pra conferir um ar de novidade.
Legal mesmo.


É assim que vai ser contada a historia do vilão Ralph (dublado no áudio original por John C. Reilly). O cara que surge pra complicar o jogo “Conserta Felix” e ser derrotado pouco antes de uma inglória viagem rumo à lama, e é claro, ele não curte isso, e obviamente preferia um tratamento mais digno depois que cumpre sua carga horária empregatícia.
A busca do personagem por aceitação é o ponto de partida pra uma tour por outros jogos, o que serve pra aumentar a gama de possibilidades que o roteiro vai explorar.

E pronto. O primeiro ato de “porque o protagonista tem que sair do lugar comum” está explicado e vendeu seu peixe.
E pronto, o filme acabou por umas dezenas de minutos.
Quer dizer, não demora muito pra que tudo se resuma a corridas e sucessões do que não importa e não tem nenhum pouco da novidade prometida no início do filme.
Fácil de entender o porquê, mas difícil de aceitar o desenvolvimento.
Afinal, esse recurso de correria e barulho pra prender atenção de criança (maior parte durante o game Corrida Doce) é algo que traz seu retorno em se tratando de bilheteria, mas pra enganar quem já viu Toy Story e Monstros S.A., aí já é outro assunto.
E sim, Detona Ralph é um encontro evidente de Toy Story e Monstros S.A., e se contenta em ser isso quando se trata do que vai além da superfície (que é onde se encontram as qualidades do longa-metragem).

Os elogios são todos pro cuidado em trazer pras telas o visual e aura de jogabilidade de tantos games, e claro, pra competência padrão de qualquer animação CG que se preze ao menos um pouco.
Agora, quanto à historia, chamar Detona Ralph de um grande filme é o mesmo que dizer que os filmes de Steven Seagal são bons porque sempre contam a mesma coisa, porém em cidades diferentes.
Detona Ralph é o filme cheio de potencial, mas que todo mundo com mais de 15 anos já viu, e se assistir de novo é porque a nostalgia faz muito bem ao organismo, e porque acompanhar os filhos nessa jornada de aprendizado dos tempos que nos acostumamos a chamar de melhores (e eram mesmo) é algo gratificante.
Claro, depois de um tempo entendiante o filme meio que volta pros eixos, e alguma efemeridade da memória facilita pra gostar dele um pouco mais, porque no ato final o drama finalmente vai se encontrando, com a sidekick Vanellope (na prática o verdadeiro personagem principal) determinando os rumos da trama, e o clima de nostalgia vai retornando.
Mas novamente é uma daquelas oportunidades desperdiçadas de abreviar a correria e pensar em uma piada ou diálogo esperto pra ligar uma sequência à outra. Desperdício que é tão corriqueiro atualmente, e que tem proliferado porque o público considera que esse é o único jeito que existe de fazer um filme infantil.


Ainda que necessário, o desprendimento com relação à paródia ou homenagem fácil no que se refere aos games que gerações inteiras conheceram melhor que sua vizinhança, acaba resultando na etapa menos interessante da obra.
No caso de Detona Ralph, ter sido criado para ser um filme de 1 hora e 20min teria feito com que fosse uma pérola do entretenimento muito mais envolvente.
Saudosismo por saudosismo, prefiro o extremo de ideias de Scott Pilgrim Contra OMundo.
Enquanto isso, se Detona Ralph é em vários momentos muito divertido, e criativo até por ali, fica a certeza de que tinha potencial pra ir bem mais longe.

Quanto vale:




Detona Ralph
(Wreck-It Ralph)
Direção: Rich Moore
Duração: 108 minutos
Ano de produção: 2012
Gênero: Aventura/Infantil

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