Trilogia Re-Animator


Já há um tempo que alguns filmes de zumbis parecem ser feitos seguindo uma espécie de “manual do escoteiro mirim para filmes de mortos-vivos”. É óbvio que existem diferenças gritantes, como por exemplo, entre um Resident Evil e a franquia espanhola Rec

Porém a premissa do grupo de sobreviventes que se isola em um determinado esconderijo para ali compartilhar “o drama humano” é presente na maioria dessas produções. Em alguns casos apenas são alterados o nível de humor e o sotaque. Na comédia britânica Shaun of the dead, por exemplo, os sobreviventes se esconderam em um típico estabelecimento londrino, que é um pub. Ao contrário do “terror sério” Dawn of the dead, em que os protagonistas se refugiam em um típico estabelecimento estadunidense, o shopping center.


Apesar da superfície ser diferente, a essência dessas narrativas apresenta elementos em comuns que podem ser reconhecidos até mesmo por um fã da Disney que só assiste filme de zumbi se for aquele clipe do Michael Jackson.

Essas características em comum podem ser o amigo que se sacrifica pelo grupo, os sobreviventes que brigam entre si, o herói que se destaca, o mala-sem alça que é o primeiro a morrer, etc. Todos esses elementos atualmente parecem ser ingredientes essenciais que tornam alguns filmes de zumbi verdadeiras receitas de bolo.

Porém, ainda em 1985, um filme de zumbi acabou por seguir uma outro caminho bem adverso. O longa-metragem em questão é o Re-Animator, baseado em um conto do célebre escritor norte-americano Howard Phillips Lovecraft.

H.P. Lovecraft

No filme Re-Animator, não há uma epidemia mundial que contamina a humanidade com a mesma velocidade de um vídeo viral no youtube, sendo assim não há nos centros urbanos grandes multidões de zumbis perambulando a esmo. Nesse longa-metragem a ação ocorre basicamente em um único local e com um número reduzidos de zumbis, fato esse que deve ter economizado uma considerável quantia de figurantes e maquiagens. 

O referido conto de Lovecraft que inspirou o filme foi concebido de forma seriada entre outubro de 1921 e junho de 1922. A história é considerada uma das primeiras menções a zumbis reanimados cientificamente.
O conto foi publicado originalmente na publicação amadora Home Brew e dividida em 6 partes: “From the Dark”, “The Plague-Daemon”, “Six Shots by Moonlight”, “The Scream of the Dead”, “The Horror From the Shadows” e “The Tomb-Legions”.

A inspiração para a história de zumbis de Lovecraft veio de Frankenstein, escrito prla britânica Mary Shelley e que é outro morto-vivo que, com o perdão do trocadilho, já está “imortalizado” na cultura pop.


No conto de Lovecraft é narrada a história Herbert West, um cientista talentoso e muito dedicado que tinha uma obsessão doentia por vencer a morte. Ele estava disposto a usar todos os seus conhecimentos para criar a imortalidade.

Sendo assim, o cara então concebe um soro que, ao ser injetado nas veias de um recém falecido, as funções vitais são reabilitadas e o indivíduo volta a viver, ou melhor, é reanimado. Porém, como se trata de uma história de terror e, ainda mais uma história oriunda da mente de Lovecraft, o processo de “reanimação” tem seus efeitos colaterais, e a maioria das cobaias de Herbert West se tornam violentas e, após tentativas de retornarem para suas próprias sepulturas, acabam aterrorizando as comunidades de onde vinham. A única pessoa que simpatiza com Herbert West é Dan Cain, que foi um de seus colegas.

A primeira adaptação do conto ocorreu na revista Weird Science, da EC Comics, em 1950, em uma versão em quadrinhos.

Re-Animator (1985) - O Filme

                                                

Produzido por Brian Yuzna e com roteiro de Stuart Gordon, Dennis Paoli e Williiam Norris, o Re-Animator mescla cenas de gore explícito com um humor bastante peculiar. O longa-metragem é inspirado vagamente nesse conto de H.P. Lovecraft. No filme, um destrambelhadíssimo estudante de medicina chamado Herbert West (interpretado por Jeffrey Combs) desenvolve um líquido esverdeado capaz de reanimar criaturas mortas.


O problema é quando o sujeito necessita das criaturas mortas para agilizar a invenção dele e, com o auxílio do seu colega de quarto, se mete nas mais malucas confusões (sei que esse parágrafo ficou parecendo uma chamada para "filmes-família", mas é engraçado lembrar que o Re-Animator estava para o Cine Trash assim como Os Goonies estava para a Sessão da Tarde da Globo).


O filme, que também tem no elenco a gostosinha (pelo menos na época) Barbara Crampton, fez um certo sucesso entre os apreciadores do gênero e gerou duas continuações. A primeira delas é:

A Noiva do Re-Animator (1990)

                                    

A história ocorre oito meses após os desastrosos acontecimentos do primeiro filme. Nessa sequência, a primeira cena já mostra a destrambelhada dupla de médicos (Dan Cain e Herbert West, que podem ser considerados como Dean Martin e Jerry Lewis do mal) metidos como médicos voluntários nas selvas do Peru. Tudo isso em meio aos conflitos de uma violenta guerra civil.

Um local em conflito repleto de violência, choro, ranger de dentes e muitos cadávares a disposição, é um paraíso para as experiências amalucadas de Herbert West. E foi nesse lugar conturbado que eles acharam o elemento básico para reanimarem tecidos mortos.

Em A Noiva do Re-Animator, novos personagens são adicionados à equação. Além dos já citados médicos. Dessa vez há uma moça chamada Francesca (um interesse amoroso do Dr. Cain), Gloria (uma paciente terminal que, se dependesse do Dr. West, já era cobaia em seus experimentos hediondos antes mesmo de iniciar filme) o tenente Leslie Chapham (um investigador que desconfia muito da dupla de médicos) e a intrépida cabeça falante do Dr. Hill, que já era uma personagem à parte no primeiro longa-metragem.

A direção ficou por conta de Brian Yuzna. O roteiro é também uma parceria do próprio diretor com Rick Fry e Wood Keith.

Depois da Noiva do Re-Animator, veio o:

Beyond Re-Animator (2003)
    
                                        

É uma produção espanhola dirigida por Brian Yuzna. Nessa terceira parte da franquia, o obcecado Dr. Herbert West, cumpre pena de 14 anos devido ao massacre causado na Universadade de Miskatonic, por realizar experimentos sobre reanimação de organismos mortos. 


Na prisão, ainda mais louco e mais obcecado (se é que isso é possível) ele continua o seu trabalho em “prol da ciência”. A chegada de um jovem médico na prisão, o Dr. Howard muda drasticamente esta situação. Por trás de sua fachada inocente, Howard esconde seu verdadeiro motivo de estar naquele local: querer se vingar do Dr. Herbert West.

Em uma época onde zumbis maratonistas que mais parecem uma cruza de Papa-Léguas com o Flash (vem aí o World War Z, com Brad Pitt), a dupla Brian Yuzna e Stuart Gordon bem que poderiam retornar ao universo do Re-Animator e, desculpem o trocadilho infame, injetar sangue novo e “reanimar” o gênero.
Em tempo: Em 2011 um musical baseado no filme foi encenado em Los Angeles.

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