Jesus morreu


Não incauto leitor, apesar do título sensacionalista esse blogue não tem o intuito de atacar crenças alheias. O Jesus do título é, na verdade, o Franco. Sim, Jesus Franco, lendário cineasta espanhol que possui uma filmografia tão extensa quanto a quantia de palavrões em uma entrevista do Ozzy Osbourne.
Franco faleceu nessa Terça-feira, aos 82 anos, após um AVC.

Eu sei que a audiência aqui do blogue, nesse exato momento, está ávida para deslumbrar alguma notícia do Iron Man 3 ou breves comentários acerca do novo Star Trek. Eu compreendo esta ânsia pelas novidades do cinema mainstream, visto que também nutro uma inefável expectativa diante de tais lançamentos. No entanto, também sou fã do “não-cinema”, também aprecio os famigerados filmes “exploitation” e cá entre nós, esse Jesus era mestre em fazer filmes para, digamos assim, um público bem específico. Basta observar as capas de filmes que ilustram essa postagem.

Jesus Franco possui em seu currículo tranquilamente mais de 100 filmes. A maioria dessas produções eram uma mistura canhestra de lesbianismo, vampirismo, terror e suspense, tanto que em uma mesa de bar com cinéfilos, o cidadão tem que ter colhões para dizer que aprecia o cinema de Jesus Franco, ou Jess Franco, como também era chamado. Tal postura iconoclasta colocou o cineasta no hall dos diretores malditos, ao lado de gente como Joe D’Amato, Jean Rollin, entre outros.


Franco, como nunca teve em mãos um orçamento milionário, em alguns casos chegava a gravar mais de um filme em um mesmo período, usando mesmos cenários e mesmo elenco. Entre os títulos dele é possível citar filmes como Vampyros Lesbos (1969) e Lust for Frankenstein (1998). Sim, o cara, sem nenhum pudor, colocava putaria no universo dos monstros do terror clássico. Até os zumbis, que hoje estão na moda, foram contemplados pelo diretor, no seu Oasis of the zombies (1981).


E se caras mais mainstream como Woody Allen, por exemplo, adoram trabalhar com atrizes conhecidas como “musas”, Jesus também tinha as suas. As mais famosas foram Soledad Miranda e Lina Romay. Essa útima foi esposa de Franco.

Jess Franco, assim como Jean Rollin, Umberto Lenzi e outros marginais, é um ilustre desconhecido para a atual geração e para os detentores do bom gosto. Mas sei lá, talvez em um futuro próximo, quando o Tarantino rechear algum filme seu com referências a cenas de Venus in Furs e She killed in ecstasy, apareçam por aí jovens imberbes vestindo camisetas com o rosto do Jess Franco estampado.


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