Perdido Street Station


Bem sabemos que vivemos em um mundo repleto de coisas esquisitas, mas poucas coisas conseguem ser mais estranhas que o livro Perdido Street Station. Talvez um ornitorrinco perito em psicologia junguiana seja ainda mais bizarro, mas enfim...

O fato é que a força e a qualidade dessa obra escrita pelo China Miéville reside justamente na sua capacidade de causar estranhamento em qualquer ser que ousar enfrentar as suas mais de 700 páginas. Ainda mais que o referido autor é um dos baluartes do subgênero conhecido como New Weird, já comentado aqui no blogue em tempos de outrora.

A ação em Perdido Street Station ocorre em uma cidade chamada New Crobuzon, em um mundo muito diferente do nosso (e põe diferente nisso!) O tal planeta se chama Bas-Lag, que também é o palco de outros livros do mesmo autor, respectivamente são o The Scar e o Iron Council.


Lançada em 2000, essa Perdido Street Station é a obra em que Miéville mergulhou de vez no New Weird. Além disso, foi nessas páginas que ele mostrou ser um exímio construtor de mundos. Na cidade imaginada pelo escritor, as criaturas mais estapafúrdias são descritas com tamanha perfeição que não acreditar na existência delas chega a se tornar uma tarefa árdua. Tal característica torna esse livro uma publicação perfeita para aqueles que almejam conhecer histórias que fogem do estilo tolkieniano, com os tradicionais elfos, anões e dragões.

No início da leitura é apresentada de forma ágil as diferentes formas de vida que habitam New Crobuzon, bem como as suas crenças e os seus costumes. Aliás, essa cidade com estilo que lembra algo steampunk é tão interessante e tão bem descrita que acaba se tornando uma personagem da história, já que ela é uma mistura exótica de Paris e Istambul concebida por um arquiteto que acabou de fumar um baseado da grossura de uma lata de azeite.


A respeito dos moradores de New Crobuzon, posso afirmar que por mais que tais criaturas sejam diferentes de nós, ao mesmo tempo conseguem ser parecidas, já que também apresentam qualidades e deméritos como qualquer ser humano comum.

Na trama, um cientista chamado Isaac que, além de ter a audácia de manter um romance com uma fêmea de espécie diferente, comete a cagada de libertar um ser que toca o terror em toda a cidade.

Os mais preguiçosos poderão afirmar que o argumento do cientista que comete erros já é mais manjado que música do Legião Urbana em rodinha de violão. No entanto, incauto leitor, convém destacar que Miéville narra o desenvolvimento dessa história de uma maneira bem própria, onde a trama passa por caminhos sinuosos sempre entregando algo inesperado.

Vale a pena se libertar dos preconceitos e embarcar nessa viagem para New Crobuzon.

Perdido Street Station - Recomendado para: Aqueles que não se importam em ler uma história que apresenta personagens meio humano, meio inseto, meio águia, meio... nós mesmos!

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