O cinema existe em ciclos.
Especialmente desde que Steven Spielberg e George
Lucas ensinaram em “Tubarão” e “Guerra nas Estrelas”,
respectivamente, como é que se arrecada em bilheterias a renda anual de um
político brasileiro de elite.
Desde então, o que funcionou vai sempre ser obrigatória e
descaradamente reciclado, refilmado, ou no exemplo presente neste texto:
recriado.
Ele sabe fazer dinheiro, e deixou claro com quem
aprendeu, tanto no filme de 2009, quando neste novo lançamento.
Isso é evidente desde a sequência inicial de Além da
Escuridão – Star Trek, a qual leva a crer por breves instantes que estamos
vendo um trailer de algum novo Indiana Jones.
Tal sequência já traz muito do que será o cerne da questão
no Star Trek da temporada, tendo um nada amadurecido líder no comando da
Enterprise. E Chris Pine
(Capitão James T. Kirk) não tem problema algum em ser o recorrente
contraponto do Spock interpretado pelo Zachary Quinto.
Orbitando eles, um muito bem entrosado elenco repete os
papéis da tripulação do primeiro filme, com John Cho (Sulu), Zöe Saldana
(Uhura), Karl Urban (Magro), Simon Pegg (Scotty), e Anton Yelchin
(Chekov) em destaque com o tempo sufiente em cena pra justificar o depósito
efetuado em suas contas bancárias.
Existe um clima familiar presente não apenas em relação à
tripulação da Enterprise, mas também nas motivações do vilão da ocasião.
Afinal, o inimigo interpretado por Benedict Cumberbatch não é um mero vilão careteiro, e nesta
releitura em realidade alternativa dos eventos de Star Trek: A Ira de Khan
(1982) ele traz aquele tipo de ameaça que tem aproximação com o terrorismo de
tempos recentes.
No caso dele, suas ações todas são em nome da família.
E eu utilizo a palavra “prático” em função das saídas que
ele encontra pra manter a trama em movimento, com o uso de inúmeros
cliffhangers, cada vez menos efetivos em meio a soluções por vezes espertas, e
em outras nem tanto.
O ritmo acaba prejudicado pra quem desaprecia os salvamentos no último instante, a incapacidade dos vários inimigos em atingir o alvo com seus
disparos de taser, ou o quanto é difícil perceber os danos na Enterprise
quando esta é seguidamente despedaçada em combate.
Además, reviravoltas previsíveis e mal engendradas não
colaboram pra tornar o filme tão equilibrado entre os CGs e a trama, quanto
foi na primeira vez em que o Capitão Kirk de Chris Pine fez alguma
cagada comandando a Enterprise em 2009.
Ainda bem que o diretor concilia de maneira competente as
cenas de ação com os bons diálogos, além de um 3D que agrega muito ao
entretenimento.
São vários os momentos que comprovam isso, e eu destaco a
travessia entre naves dentre elas.
Além disso, é claro, do atrito verbal entre Kirk e Spock
há aquele desenvolvimento de personagens fundamental à cinessérie.
Fora isso, a presença de Peter Weller é um elemento
certeiro pra garantir o apreço dos nerds oldschool.
Essa cara de blockbuster de verão bem feito é um dos méritos
da chegada de J.J. Abrams ao universo criado por Gene Roddenbery,
e ao mesmo tempo, em Além da Escuridão parece levar a franquia um tanto
longe das qualidades recorrentes nas frases que posicionam Jornada nas Estrelas na
condição de clássico.
De todo modo, é uma sessão muito mais satisfatória do que a pretensão de um Prometheus, por exemplo.
O que o próprio diretor admite quanto à sua influência
oriunda de Star Wars pra recriar Star Trek comprova que ele está
mais do que apto pra tentar a sorte com grande potencial de êxito na outrora
franquia de George Lucas.
Agora, já é mesmo a hora de algum outro cineasta buscar o
algo mais que reside no roteiro, em uma próxima viagem da Enterprise nos
cinemas.
Aguardemos.
Quanto vale:
Além da Escuridão – Star Trek
(Star Trek Into Darkness)
Direção: J.J. Abrams
Duração: 132 minutos
Gênero: Ação/Aventura/Sci-fi
Ano de produção: 2013
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