Pulp Magazine: Memórias de um passado recente


No início do século passado, quando nem mesmo o mais prolífico autor de ficção científica imaginava que um dia iríamos assistir filmes na tela de um notebook, quando a palavra nerd não era pronunciada e o Bill Gates ainda estava no saco do pai dele, as chamadas revistas pulp reinavam absolutas. Era nesse tipo de publicação que se encontravam histórias de cowboy, terror, suspense policial, ficção científica e fantasia.

As revistas pulp recebiam esse apelido porque eram feitas com papel de baixa qualidade (a polpa de celulose). Além do precário material, a qualidade do conteúdo também era questionável. Devido a capas com ilustrações apelativas, geralmente mostrando belas donzelas em trajes sumários prontas para serem comidas (oops!) por um dragão ou um alienígena qualquer, os "críticos sérios” (sempre eles) encaravam os contos presentes nas revistas pulp como “baixa literatura”, ou “histórias para mero entretenimento”, “diversão para as massas” e outros adjetivos pouco edificantes.

Mas enfim... O fato é que no início do século XX essas publicações ajudaram a moldar o que hoje qualquer vertebrado com pelo menos dois neurônios em ação chama de cultura pop.


Vocês já ouviram falar em escritores como Howard Phillips Lovecraft, Raymond Chandler (autor de suspenses noir), Robert E. Howard (o cara que inventou o Conan) e Edgar Rice Burroughs (o cara que inventou John Carter). Pois é, eles escreviam contos para publicações pulp em troca de alguns trocados.

Entre as revistas desse tipo que ficaram famosas foram a Weird Tales, Adventury e Argosy, essa última inclusive é considerada uma das pioneiras no estilo. Havia também a revista Astounding Science Fiction, que foi o passo inicial para a carreira de um tal de Isaac Asimov. Também vale destacar a atuação da revista Amazing Stories, que mais tarde nos anos 80 serviu de base para uma série de TV produzida por Steven Spileberg.


Na segunda metade do século XX, quando alguns países do nosso planeta participaram daquele grandioso evento bélico conhecido como Segunda Guerra Mundial, as Pulp Magazines foram atingidas pelo aumento do preço do papel e também pelo surgimento das HQs e do cinema. A partir de então a situação para elas se tornou complicada. Aliás, nunca é tarde para lembrar que as gigantes Marvel e DC, surgidas em meados do século passado, beberam nas fontes das revistas pulp.

Por mais que alguns afirmem que as Pulp Magazines sejam páginas virada na história da humanidade, é impossível ignorarmos o impacto que elas trouxeram para o imaginário popular do século XX. Tanto que no filme De Volta Para o Futuro, por exemplo, elas são lembradas por meio do pai do Marty McFly, que era um leitor fanático das revistas pulp, que hoje em dia, tal afirmação soa como um eufemismo para “nerd da era pré-digital”. Também convém destacar que um dos maiores sucessos cinematográficos de “vocês sabem quem” recebe o nome de Pulp Fiction não por acaso.


Aqui no Brasil, a Não-Editora, de Porto Alegre, já lançou no mercado coletâneas de contos sob o título de Ficção de Polpa, fazendo uma óbvia referência a essas antigas publicações.

Mesmo que hoje tais histórias possam parecer ingênuas e desprovidas de “um profundo teor artístico-literário” (Oh!), elas eram a fonte de entretenimento dos nossos antepassados que na época não tinham torrent para efetuar o download da última temporada do Big Bang Theory.

George Lucas, Steven Spielberg, John Carpenter, entre outros, lembram bem das ficções de polpa.
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