Seria equivocado afirmar que foi pela violência que Kick-Ass tornou-se
um sucesso.
Ela colaborou, é verdade.
E também não foi somente por causa do advento do nerdismo enquanto hype
vendedor de camisas do Lanterna Verde, e óculos de aro acentuado.
O roteirista nerd Mark Millar simplesmente conseguiu reunir nas páginas
da publicação muitos dos possíveis porquês do colecionismo, e da busca nas
histórias fantásticas por perspectivas muitas vezes escapistas acompanhando os
leitores mesmo depois que as famigeradas HQs de heróis tornam-se algo a evitar nas
bancas.
E é claro, tem muita pancadaria.
E é claro, tem muita pancadaria.
Assim, Kick-Ass, ainda que produto integrado ao gênero super-heróis,
conseguiu ser um destaque pra uma geração que aproveita os poucos resquícios de
idéias que escapam entre um reboot novo, ou jogada de marketing preguiçosa.
Nesse sentido, a HQ Hit-Girl segue formulaicamente as tendências.
Sequência de uma série de sucesso, era com certeza um caminho fácil
escolher um coadjuvante celebrado e transformá-lo em série-solo.
Essa expectativa foi o que plantou dúvidas em muito colecionador que
sabia de anteriormentes que geralmente essas publicações derivadas resultam em
artigo pra ler uma vez quando muito, e tornando-se algo válido meramente por
completismo.
Um novo vilão nas redondezas, Hit-Girl é um arauto da destruição, e
Kick-Ass se esforça mas fica sempre na sombra da sua patética incapacidade.
Fora isso, a retórica nerd orbita os diálogos, e mantém aquele elemento
que diferenciou essa franquia falando sobre heróis, que se tornaram heróis por
ler HQs de heróis, e falam de... bueno, HQs de heróis.
Algo que é novidade mesmo, é que dessa vez (conforme tinha que ser
mesmo) Hit-Girl é assumidamente a protagonista da história.
Seus draminhas pré-adolescentes em conflito com o vigilantismo, e a
dificuldade de lidar com desmembramentos em paralelo com as roupas da moda que
as convenções sociais lhe exigem pra se enturmar e ter com quem almoçar no
colégio.
Desse modo, a protagonista Mindy McCready, filha perdida de Elektra Natchios e
Frank Castle, vai parecendo cada vez menos imbatível, e ganhando a humanidade
que é preciso pra ser A heroína da história.
Tudo com um roteiro esperto que concilia cenas de ação divertidas e
sanguinolentas, aproveitando ao máximo o traço cinético da arte de John Romita Jr..
Fica complicado não ler rápido a edição encadernada, acompanhando o que
poderia facilmente virar um filme-solo da personagem.
O que parece sobrando mesmo é a presença de Red Mist, na tentativa de tornar a HQ um Prelúdio mesmo pra Kick-Ass 2, o que acaba parecendo deslocado demais no roteiro.
O que parece sobrando mesmo é a presença de Red Mist, na tentativa de tornar a HQ um Prelúdio mesmo pra Kick-Ass 2, o que acaba parecendo deslocado demais no roteiro.
Não espere encontrar nas páginas de Hit-girl qualquer resposta para
questões ancestrais, ou conversas repletas de alegorias metafísicas.
A minissérie Hit-Girl existe com o puro e simples propósito de garantir
momentos em que a sociopata-miniatura possa demonstrar porque é a heroína mais
icônica a migrar das HQs pro cinema, e resultando em entretenimento simples sem
ser idiota, e coeso sem ser pseudo-cult, ou deixar de lado o flerte com o nonsense.
Um excelente lembrete de que às vezes pra ser divertida uma HQ não
precisa inventar a roda, ou fingir que a nova megassaga da editora não é apenas um
tedioso recurso desesperado.
Hit-Girl: Prelúdio para Kick-Ass 2. Recomendado para: quem quer se divertir despretensiosamente da maneira que o
convencional mercado de HQs tem rejeitado ao público há tempos.
Sign up here with your email
EmoticonEmoticon