Baby Face (1992)



Desde a ascensão vertiginosa das HQs japonesas neste país tupiniquim, muitos foram os exemplares que pousaram nas bancas arrecadando fãs, e ao mesmo tempo detratores dentre aqueles avessos à leitura em sentido oriental (além de outras características inerentes a essas obras).
No entanto, dentre tantos, alguns autores conseguiram sobrepujar os rótulos e ter suas obras apreciadas também pelo público o qual no geral, rejeita os populares mangás.
Takehiko Inoue, autor da série Vagabond, é um deles.

Até por esse motivo, deixei de lado alguns afazeres quadrinhísticos, e séries em andamento quando fui informado de uma obra antiga dele, que atende pela alcunha “Baby Face”.
A tal obra, lançada em 1992 na revista Shonen Jump, na época em que Takehiko Inoue publicava seu estrondoso sucesso, a série sobre basquetebol Slam Dunk.
Inclusive, há na história de “Baby Face” elementos que devem desenhar um sorriso na arcada dos conhecedores de sua HQ basquetebolística.

Na trama, que é relatada em sua totalidade em apenas 30 páginas, o protagonista é alguém com um mistério com estilão lembrando o filme “O Candidato da Manchúria" (1962, ou “Sob O Domínio do Mal”, que é o nome do remake de 2004), e um ar de Crying Freeman, porém, nem por isso deixa de ter interesses mais convencionais tais quais um romance típico.
Em maior parte, a história gira em torno desse tal romance bastante sem graça, e buscando um humor de vez em quando que não ajuda nem a desenvolver bem os personagens, nem pra afastar a impressão de que estamos lendo Crying Freeman.
No caso, o que se sobressai, e faz a leitura trazer algo de qualidade é a arte de Inoue.
Conhecido pelo detalhismo e precisão, cada página apresenta um pouco do que viria a ser marca registrada do autor, que entrega uma HQ visualmente sem falhas.

Mesmo não sendo nada perto do auge da capacidade de roteirista de Takehiko Inoue, “Baby Face” é uma excelente pedida pra quem conhece sua obra posterior, e que vai reconhecer nesta breve história em quadrinhos muito da gênese de um dos maiores quadrinhistas da atualidade.


Baby Face. Recomendado para: quem sabe que “Vagabond”, “Slam Dunk”, e “Real”, têm mais motivos pra estar na sua estante do que a “nata” do mainstream mensal norte-americano recente.

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