A Caça (2012)



O tema em si já era polêmico.
Mas com essa abordagem escolhida pelo diretor Thomas Vinterberg a tendência é a discussão ser ainda maior.
A Caça” (Jagten) não é um filme fácil.
É daqueles em que as atitudes dos personagens não são algo que se responde quando alguém pergunta “mas por que ele fez isso?”.
Tal qual pessoas reais, as atitudes e reações dos personagens do filme seguem motivações por vezes muito menos racionais ou lógicas, e por isso as conseqüências pra cada palavra ou opinião podem ter um peso capaz de destruir alguém.


De acordo com a sinopse, um professor de jardim de infância acaba vítima de um boato. Pouca coisa não? 
Mas um dos pontos altos do filme é exatamente trabalhar bem a aparentemente ordinária situação pra evidenciar a força que isso pode ter. O quanto isso pode destruir alguém.
O ator Mads Mikkelsen (o mesmo do seriado surpreendentemente massa "Hannibal") interpreta Lucas, o tal professor, que sente na pele a incapacidade de reagir diante de algo tão simples.
O filme do diretor Thomas Vinterberg destina tempo suficiente pra que a paz da comunidade ao redor de Lucas fique bem perceptível.
O protagonista é muito bem-quisto e sua conduta social lhe permite ser rodeado por amigos.
Além disso, tudo demonstra que ele é um bom professor, e não haveria nada pra suspeitar com relação a ele.


Por isso que o plot twist exerce um efeito tão forte.
Com o elenco liderado por um dos melhores atores de épocas recentes, o cineasta possui caminho aberto pra explorar as conseqüências de um pequeno ato que acaba trazendo à tona a irracionalidade que atropela etapas de julgamento e só faz as proporções do problema fugirem do controle mais rápido.
Sem receio em exagerar (até porque não é uma afirmação de que são parecidos, necessariamente) “A Caça” me lembrou “Oldboy”, do Chan-Wook Park. Tanto pela utilização narrativa de alguns elementos do roteiro, quanto pela própria capacidade de provocar o tipo de angústia e demonstrar a opressão à qual os personagens são vítimas pelo contexto.
Além da coragem pelos desdobramentos da trama, o filme do diretor Vinterberg faz as escolhas certas de quando empregar a violência física, e quando deve manter no diálogo a agressão.


Fosse um inimigo convencional, ou ameaça meramente de ordem física, o roteiro poderia encontrar soluções bem mais fáceis pra permitir ao protagonista um final feliz.
Mas depois de algo plantar a desconfiança, a amizade ou razoabilidade deixam de integrar a lista de atributos humanos.
Não é preciso muito pra que uma pessoa de bem se torne um monstro, é o que mostra esse estudo em forma de filme.
Se o Oscar não tivesse o hábito de separar os os longa-metragens em time da casa e estrangeiros, “A Caça” seria um favorito a melhor filme.


Quanto vale:


A Caça. Recomendado para: enxergar as coisas mais simples de um ponto de vista desconfortável.

A Caça
(Jagten)
Direção: Thomas Vinterberg
Duração: 115 minutos
Ano de produção: 2012
Gênero: Drama

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