O diretor dos Guardiões

James Gunn
Sobre o vindouro longa-metragem dos Guardiões da Galáxia, já sabemos que o diretor será um cidadão chamado James Gunn. Até aí nada demais, visto que na minha vasta ignorância, acreditava eu que o sujeito era apenas mais um operário a serviço do burocrático cinemão mainstream de hollywood. No entanto, para a minha total surpresa, vi que o currículo do senhor James Gunn é permeado por alguns filmes que passam a anos-luz de distância do estilo comercial exigido pela indústria.

Gunn é da escola Troma Entertainment, uma das produtoras independentes mais famosas do sistema solar e cujo a missão é despejar no mercado tranqueiras repletas de subversão e escárnio, direcionadas apenas para públicos com um gosto, digamos assim, nada convencional.

A Troma é capitaneada pelo alucinado Lloyd Kaufman, sujeito que na juventude chegou a estudar cinema ao lado do Oliver Stone e, que inclusive, trabalhou na equipe de produção de Rocky - O Lutador e Os Embalos de Sábado à Noite


Contudo, como os seus projetos autorais nunca eram aprovados por serem demasiadamente anárquicos e debochados para o gosto médio, Kaufman dirigiu alguns filmes pornográficos e depois descambou de vez para o lado trash da força e fundou a Troma, realizando assim filmes gore permeados de palavrões e de um humor funesto expressamente desaconselhável para menores de idade. 

Entre os seus “clássicos” estão títulos como a franquia O Vingador Tóxico (1985) e Tromeu e Julieta (1996), nesse último, a obra-prima do bardo britânico é revisada por meio do olhar sarcástico da Troma.



E James Gunn é discípulo de Kaufman, ou seja, é um cineasta oriundo dos círculos da Troma e nela roteirizou o já citado Tromeu e Julieta, além de outras tralhas. Fora dela, ele redigiu o roteiro da refilmagem de Madrugada dos Mortos (2004) e estreou como diretor em Seres Rastejantes (2006), longa-metragem que poderia tranquilamente ter sido feito durante a safra trash da década de 80 não apenas pela narrativa característica, mas também pelos repugnantes efeitos especiais típicos daquele período, feitos na raça, com maquiagem pesada, gosma, sangue falso e a mínima presença de CGI.



James Gunn também dirigiu Super (2010), um filme de super-herói que segue a linha realista do Kick Ass, porém muito mais trágico e subversivo.

É óbvio que Gunn não irá imprimir essa vertente desbocada e mal criada em um filme para toda a família, como é o perfil exigido para os Guardiões da Galáxia, a aposta da Marvel/Disney para ampliar o universo dos Vingadores nos cinemas. 


Diante disso, será interessante ver como um artista totalmente fora dos padrões do politicamente correto se comportará diante de um roteiro que, até então, parece ser para todos os públicos. 

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