True Detective - A história que Alan Moore não escreveu


Não há novidade nenhuma no fato de que a criatividade hoje em dia parece estar na TV. Até parece que a televisão atualmente é um terreno fértil para séries com um auto poder de criar seguidores com um auto grau de converter outros seguidores. Pois quando conhecidos meus me questionaram o que eu estava a fazer para até agora ignorar uma série com uma trama que parece ser oriunda da mente de Alan Moore, eu então resolvi dar uma chance a True Detective.

Criada por Nic Pizzolatto para a emissora HBO, True Detective é aquele bom suspense criminal permeado por uma narrativa que, em determinados momentos, lembra os bons tempos da Hellblazer. Além disso, a série conta com poucos episódios, fazendo com que o espectador não fique com aquele sentimento de noveleiro viciado.


A série é protagonizada por dois policiais com comportamentos bem distintos, o esquisitão Rust Cohle (Matthew McConaughey) e o linha dura Martin Hart (Woody Harrelson). Enquanto investigam um assassinato com nítidas influências a rituais macabros, a diferença entre ambos origina diálogos que abordam questões sobre dúvidas acerca da vida após a morte, tempo e espaço, memória e por aí vai. Há influências ali de escritores como Ambrose Bierce, Robert W. Chambers, Stephen King e H.P. Lovecraft. Dono de um niilismo digno de fazer um sujeito como Friedrich Nietzsche bater palmas, o personagem Rust Cohle é o grande destaque dessa primeira leva de episódios.

True Detective tem direção de Cary Joji Fukunaga e é escrita pelo próprio produtor executivo Nic Pizzolatto, que costurou os episódios em uma narrativa que vai e volta, porém de forma compreensível, méritos para a edição. Além disso, as temporadas de True Detective serão feitas no formato de antologia: cada temporada é uma história fechada com personagens próprios. Na próxima temporada haverá uma outra história e novos atores entrarão em cena, evitando assim aquele enfadonho empurra com a barriga que pode acometer esse tipo de atração. Inclusive, o título da atração já deixa bem claro o seu caráter pulp, já que True Detective é o título de uma revista pulp fiction que circulou lá pelos meados do século passado.


A série, a propósito, concorre na 66ª edição do poderoso e fodão Emmy Awards, o maior prêmio norte-americano para as produções da televisão. E se o Emmy fosse um campeonato de futebol, True Detective estaria no grupo da morte, visto que ao lado dela tem outras produções de alto nível como Breaking Bad, Downton Abbey, Game of Thrones, House of Cards e Mad Men.


Recomendada para: órfãos de Twin Peaks e fãs de suspense com pitadas de Alan Moore e Raymond Chandler.
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