The Yellow Sea (2010)



Não era só de publicações que o blog estava na seca.
Mas também de bons filmes sul-coreanos de tiro na cara dos outros, roteiro estruturado pra não seguir estrutura de filme de ação comercial, e desinteresse de aproximação da censura dita livre.
Não que eu esteja dizendo que se trata de um bom filme antes do fim do texto, o que seria um tipo de spoiler do próprio texto, e que agora não numa dessas seria ainda menos interessante pra ser lido até o final.
Não que eu esteja dizendo.



Dirigido pelo Hong-Jin Na (o mesmo de "O Caçador"), "The Yellow Sea" é um sopro de fôlego pra esse cinéfilo apreciador do cinema produzido na Coreia do Sul, e que depois de assistir "A Gripe" se viu em dificuldades pra encontrar um longa-metragem que relembrasse do quanto foi massa assistir "Oldboy" (o do Park-Chan Wook. O do Spike Lee nem existe), os demais da Trilogia da Vingança, "Memórias de um Assassino", "Mother", o próprio "O Caçador", "A Dirty Carnival", "O Hospedeiro", "I Saw the Devil" e outros.
No entanto, desses filmes de legenda meio complicada de encontrar, "The Yellow Sea" se mostra inusitado o suficiente pra desde o início ser um cru filme coreano pra nenhum aficionado tascar defeito.
Em " The Yellow Sea" ele retoma a parceria com os protagonistas de "O Caçador", Jung-Woo Ha e Yun-Seok Kim invertendo papéis nesse novo jogo de gato e rato.
A história segue o protagonista Gu-Nam (interpretado pelo Jung-Woo Ha) um taxista que reside na região onde se delimitam Coreia do Norte, China, e Russia Os cerca de 800.000 sino-coreanos residindo no local são chamados de Joseonjok, e não encontram muito indício de futuro promissor no local.
É o caso do protagonista com problemas com o vício em jogatina, com seus agiotas, em sustentar a filha pequena, e em aceitar que a esposa pode estar tendo um caso após ir pra Coreia do Sul.
Isso tudo ameaça fazê-lo desmoronar, mas a realidade é que ele não precisa de muita ajuda nisso.
Dividido em 4 atos dos quais eu não vou mencionar os títulos pra EVITAR O QUE PODE SER SPOILER PRA ALGUNS, o filme tem um ritmo que faz as 2 horas e 37 minutos passarem de maneira muito mais agradável do que os blockbusters norte-americanos têm conseguido.
A história é na medida possível plausível, com exceções em alguns momentos em que pisca a vista pro espectador pra desencadear alguma sequência de perseguição sensacional.
Isso mesmo.



No desenrolar da treta cada vez pior em que Gu-Nam se enrascou há várias oportunidades pra escapadas virtualmente impossíveis, correrias em locais aparentemente sem saída, carros colidindo, e muito flagelo dos personagens, o que é muito bem retratado pelo diretor e além de atestar a perseverança do protagonista, faz o filme ficar muito divertido.
E já que o assunto chegou nesse ponto, é muito importante salientar o papel do ator Yun-Seok Kim (também de "O Caçador").
Ele interpreta um figura chefe de gangue que é uma pulga na cara do protagonista, e além da atuação marcante do cara, o roteiro lhe concede chances pra ser casca-grossa da maneira que só o cinema sul-coreano consegue.
Pra um espectador-médio, no entanto, as qualidades podem ser mascaradas pela recorrente aura de filme de ação simples. Sem regurgitar efeitos visuais de tempo em tempo, e sem vestir os personagens de um aspecto messiânico imbatível ou algo assim.
"The Yellow Sea" faz o que o cinema coreano faz bem ao abraçar as imperfeições de caráter e limitações humanas em um jogo de gato e rato de pessoas sem habilidades especiais desferindo golpes e catalisando lacerações.
Os desconfortáveis com isso, obviamente possuem a alternativa de buscar alguma outra película, e ver o mundo com um filtro mais ameno que o cinema de ação da Coreia do Sul prefere deixar no depósito.



Claro que "The Yellow Sea" não possui qualidades o bastante pra figurar no rol que já conta com alguns dos clássicos que eu mencionei lá no começo do texto. Por que eu mentiria pra vocês?
Mas não estar nesse patamar não o diminui a ponto de não ser chamado de um bom filme.
Ainda é casca-grossa o suficiente apesar de deslizes no roteiro, arraigado na humanidade (ou desumanidade) de seus personagens, aproveitando isso pra ser imprevisível até onde consegue. E além disso, é mais um dos retratos lúgubres que o cinema de ação pode proporcionar, usando o que é simples e sempre tentando esquivar do que é simplório.
Já valeu pra amenizar a abstinência de bons filmes sul-coreanos, e pra testar até onde seus personagens, pessoas comuns, são levados em situações extremas e sem perspectiva.


Quanto vale:



The Yellow Sea. Recomendado para: quem ainda acredita que um filme de ação pode ser mais do que um videoclipe de duas horas e meia de CG.

The Yellow Sea
(Hwahgnae)
Direção: Hong-Jin Na
Duração: 157 minutos
Ano de produção: 2010
Gênero: Ação/Thriller

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